Não foi fácil! Embora tenhamos nos acostumado à estrada nestes últimos seis meses desde que nos mudamos de Campina Grande (PB) para São Raimundo Nonato (PI), enfrentar a viagem a Fortaleza nos exigiu mais energia do que pensávamos. Fizemos duas vezes a rota de ida e volta para a capital cearense somente em dezembro. Como se não bastasse a distância e o desgaste psicológico do compromisso que tínhamos pela frente no destino final, o conforto que havíamos planejado para a primeira viagem de ida sofreu devido a um erro de escolha do trajeto. Outro ponto que pesou bastante em nosso cansaço foi o tempo de estadia na cidade: dez dias da primeira vez e quatro dias na segunda.
Vocês devem estar bem perdidos na história. Vamos começar pelo que nos motivou a embarcar rumo a Fortaleza: um concurso para o qual o nosso Carlinhos se inscreveu. Demorou um pouco, mas finalmente decidimos ir juntos e incluir Tommy na aventura, principalmente devido aos altos preços das passagens aéreas entre Teresina e Fortaleza e à dificuldade logística da viagem para que o nosso professor fosse sozinho. Seriam oito horas de ônibus de São Raimundo para Teresina, mais a espera no aeroporto até que o avião decolasse, o que exigiria uma pernoite em hotel.
Nosso amiguinho não quer perder um lance do que passa pela estrada
SRN – TERESINA – FORTALEZA
Com a experiência que adquirimos neste curto tempo explorando o Nordeste, já tínhamos certeza de uma coisa: não seríamos fisicamente capazes nem poderíamos submeter nosso Pooh ao estresse de 12 horas de viagem ininterruptas caso quiséssemos sair de SRN e chegar a Fortaleza no mesmo dia. Por isto, na primeira ida resolvemos fazer o percurso sem pressa com uma parada em Teresina para dormir. Com este desvio, seriam 1.094 km no total até Fortaleza.
SRN para Fortaleza: nunca, nunca encarem a BR-222 a partir de Sobral
O primeiro dia foi bastante tranquilo. Já conhecemos bem as seis horas de estrada de SRN para Teresina. As pistas da rodovia estadual PI-140 até Floriano (que fica bem no meio do caminho) e da BR-343 para Teresina são seguras. Não têm buracos e o trânsito é bastante calmo, sem muitos caminhões, até a entrada da região metropolitana.
O grande problema que não prevíamos era o trecho escolhido para o segundo dia de viagem, de Teresina para Fortaleza, pela BR-222. Na chegada a Sobral, nos deparamos com muitos buracos na pista. Como não tínhamos informações prévias, continuamos no percurso na expectativa de que iria melhorar, mas nos surpreendemos com a situação: em Itapajé não existe asfalto!
Buraqueira na BR-222 em Sobral: anúncio de que o pior está por vir!
Toda a estrutura foi retirada para a construção de uma nova estrada. Passamos cerca de uma hora tentando vencer o barro, a poeira, a lama, a falta de sinalização e as máquinas na “pista”. Foi um terror! Não sabíamos, mas deveríamos ter pego um desvio pelo município de Itapipoca. Pagamos todos os nossos pecados e agora estamos repassando a experiência para ajudar o leitor a evitar este transtorno. Dez horas depois de termos saído de Teresina, finalmente chegamos a Fortaleza. Eu, Tommy e Carlinhos, mortos de cansados.
Caos no trecho da BR-222 em Itapajé: barro, lama, poeira e sinalização precária
FORTALEZA – SRN
Passamos dez dias em Fortaleza e já não aguentávamos mais de saudade da nossa casa. Carlinhos passou para a segunda fase do concurso, então teríamos apenas quatro dias para ficar em São Raimundo e resolver os últimos compromissos antes de retornar a Fortaleza para concluir a participação no certame. Na viagem de volta, já sabíamos a desvantagem que seria passar por Teresina, então resolvemos fazer o caminho direto para Picos (PI) pela BR-020.
Fortaleza para SRN: 12 horas de viagem, incluindo o intervalo para o almoço em Picos (PI)
A proposta seria dormir em Picos e terminar a viagem no dia seguinte com apenas quatro horas para São Raimundo. O hotel já estava reservado: o Picos Hotel aceita cachorros com seus hóspedes sem frescura nenhuma! Saímos de Fortaleza às 7h30 e chegamos a Picos às 14h30. Paramos para almoçar e, desesperados para chegar em casa, resolvemos terminar a viagem naquele mesmo dia.
Ligamos para cancelar a reserva e seguimos rumo a Oeiras, passando por Colônia do Piauí, Simplício Mendes e São João do Piauí. Nesta última cidade antes de São Raimundo, ainda pegamos bastante chuva, trovões, relâmpagos e raios, já às 18h30. A sorte é que a BR-020 é muito bem sinalizada para viagens noturnas no trecho que passa por dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara. Assim, chegamos sãos e salvos ao nosso lar às 19h30, exatamente 12 horas após termos saído de Fortaleza.
CUIDADOS COM TOMMY
Viagens longas exigem mais energia de todos, inclusive dos nossos peludinhos. Adotamos algumas práticas para amenizar os possíveis desconfortos que nosso Tommy poderia sentir:
– Abastecemos nosso Pooh frequentemente com água: como ele não sente enjoos nem vomita, ele nunca nega um potinho com água para matar a sede;
– Fornecemos pequenas refeições: a cada três horas, oferecemos ração em pequenas porções ou biscoitos próprios para cachorros;
– Fazemos paradas para “esticar as patinhas”: assim como nós sentimos a necessidade de ir ao banheiro durante o trajeto, Tommy também sente. Nas paradas, tiramos o rapazinho do carro (veja como usamos o ‘cinto de segurança’), passeamos e o incentivamos a fazer xixi. Se ele fizer número 2 também, estamos no lucro! Lembrando que sempre levamos saquinhos plásticos para apanhar as ‘obrinhas’. Ninguém merece pisar em cocô de cachorro por aí.
CUIDADO COM ANIMAIS NA PISTA
Durante todo o caminho precisamos redobrar a atenção com animais que cruzam a pista. É muito comum no Piauí. Tenho até pena dos bichinhos, percebemos que muitos estão em peregrinação por água e comida. Dá para ver pelas carcaças nos acostamentos e o físico denegrido do gado, só pele e osso. Ao mesmo tempo, sentimos uma certa desconfiança de que os proprietários destes animais os soltam irresponsavelmente mundo afora. Não é a toa que estes detentores podem responder criminalmente quando seus bichos invadem pistas e causam acidentes. Uma das alternativas é informar às Polícias Rodoviárias Federal (191) e Estadual (190) sobre os riscos. Geralmente a PRF dispõe de caminhões especiais para fazer o recolhimento. Acontece que o problema é tão comum em tantos trechos que fica impossível controlar. Infelizmente, duvido muito que o serviço funcione com eficácia no Piauí, mais pela enorme quantidade de bichos soltos do que pela competência dos órgãos.