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Brinquedo Proibido

[Momento melancólico on]

Filmes sobre/com cachorros nunca são fáceis para mim. A aflição é grande ao acompanhar histórias onde os bichinhos morrem, sofrem ou são perseguidos, mesmo que o final seja feliz. Não tem gênero que me satisfaça com relação a isto: nas comédias eles são levados mas geralmente estão sendo perseguidos por um vilão, nas aventuras eles desafiam as leis da física e nos dramas eles morrem. Ou seja, agonia total para mim, mesmo que o objetivo do filme seja divertir. Em Cavalo de Guerra, por exemplo, o personagem em questão sofria tanto que eu chorei três vezes durante os intermináveis 146 minutos.

Paulette e o cachorrinho

Paulette e o cachorrinho morto: apego ao único bem que lhe resta após um bombardeio

Tudo isto para dizer que eu odeio filme com bichinhos, mas infelizmente só decidi parar de vê-los depois de Cavalo de Guerra, ou seja, no começo deste ano. O que significa que durante todo o meu caso de amor com o cinema, que já dura uns 15 anos, eu já vi muito, mas muito filme sobre cachorro. Hoje me peguei pensando em um deles e não poderia deixar de compartilhar. Apesar de retratar uma realidade tão cruel, é uma obra de arte indispensável para quem não vive sem os pets: Brinquedo Proibido (Jeux Interdits, França, 1952, p&b, 102 min).

O drama de guerra é dirigido por René Clément (O Sol por Testemunha) e tem como pano de fundo a 2ª Guerra Mundial, quando uma menina de cinco anos de idade fica órfã durante a ocupação nazista em um campo de refugiados. Desorientada após o bombardeio, a pequena sobrevivente Paulette se apega ao que lhe resta, o cadáver de seu cachorrinho, e com ele à tiracolo, ela vaga pelos campos e é encontrada por um garoto de 10 anos em uma fazenda, sendo acolhida pela família dele.

É preciso ter o coração forte: Paulette sofre, e não é pouco. Sempre com o seu cachorrinho morto no colo, se apegando  ao último bem que lhe restou do ataque. Em meio ao clima de medo vivido pelos adultos, as crianças começam uma singela amizade, onde a inocência é substituída por um sentimento de respeito à morte. Juntos eles criam um cemitério de animais, “inaugurado” com o enterro do cachorrinho.

Brinquedo Proibido

Paulette e o amiguinho: ritual de enterro dos bichinhos

Apesar de me deixar deprimida, a beleza do filme está mesmo na tristeza e na compreensão da realidade destas crianças. Não falei de Marley & Eu porque, convenhamos, todos já assistiram e ele está níveis e níveis abaixo da poesia e da profundidade psicológica da obra-prima que é Brinquedo Proibido. Eu o indico porque, a morte é algo do que ninguém irá fugir. Penso muito por quantos anos meu Tommy vai me dar a alegria de viver e quero estar preparada quando chegar a hora dele partir.

Interessou-se? Que tal uma cena do filme?

[Momento melancólico off]

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